Com hemorragias incontroláveis, todos os dias, durante meses a fio, a vida de Becky Bevers, doente com Miomas Uterinos, tornou-se miserável.
Durante quase um ano, a consultora de 46 anos teve hemorragias contínuas devido aos miomas, sendo um dos piores casos testemunhados pela sua médica e que culminou numa histerectomia de emergência.

Becky, casada e com uma filha, explica: “Tinha hemorragias constantes. Parecia uma torneira que não parava de jorrar. Uma vez, acordei a meio da noite com a cama coberta de sangue, embora eu estivesse a usar dois pensos higiénicos.”

“A gota de água foi quando eu estava a caminho de uma reunião muito importante. Estava a conduzir há cerca de 45 minutos quando olhei para baixo e vi que estava sentada numa poça de sangue; parecia que o sangue estava a ser bombeado para fora do meu corpo. Sujou-me o banco e o vestido todo.”

Becky começou a ter problemas há cerca de seis anos, quando começou a ter complicações com a menstruação, as quais atribuiu ao tratamento que tinha feito para o cancro.

“Tive cancro da mama em 2003, fiz uma mastectomia e tomei tamoxifeno durante cerca de cinco anos. A certa altura, tive de interromper o tratamento com tamoxifeno, e foi nessa altura que a minha menstruação se tornou irregular e muito abundante. Cheguei a um ponto em que as hemorragias eram constantes.”

“Não sei se me tornei anémica, mas não ficaria surpreendida se fosse o caso. Sentia-me completamente esgotada. Não tinha energia, tinha muita fraqueza e sentia-me horrível.”

Os miomas uterinos são frequentes, surgindo em cerca de 40 em cada 100 mulheres em algum momento da vida. Desenvolvem-se com maior frequência em mulheres com idade entre os 30 e os 50 anos, mas podem ocorrer em mulheres mais jovens e mais velhas. Cerca de uma em cada três mulheres com miomas tem alguns sintomas, que podem incluir menstruações abundantes, longas e dolorosas, hemorragias entre menstruações, sensação de inchaço na parte inferior do estômago, dor ou desconforto durante as relações sexuais, dificuldades em engravidar e abortos espontâneos.

Apesar de ter ido ao médico e ter sido encaminhada para um exame em 2008, este não revelou qualquer problema. Contudo, as hemorragias continuaram, e foi numa visita de urgência ao hospital que o problema foi finalmente diagnosticado.

Becky afirma: “Quando tive o tal incidente no carro e estava sentada naquela poça de sangue, liguei para o meu marido em pânico e ele disse-me para ir imediatamente às urgências.”

“Lembro-me de entrar no hospital coberta de sangue, com sangue a escorrer pelas pernas abaixo. Uma parte de mim estava muito envergonhada, mas outra parte não se importou porque estava com muito medo.”

Depois de lhe darem um medicamento para parar a hemorragia, Becky foi encaminhada para um exame interno com anestesia geral que revelou que o seu útero apresentava uma distensão grave, com múltiplos miomas, um dos quais com o tamanho de um feto de 12 semanas (equivalente a uma toranja).

Devido à gravidade da sua condição clínica, Becky foi aconselhada a fazer uma histerectomia.

“Embora eu já tivesse a minha filha e não quisesse ter mais filhos, foi um choque enorme. Perguntei se havia alternativas, mas disseram-me que esta era a melhor opção. Já tinha feito uma mastectomia, que é algo que nos afeta enquanto mulheres. E dizerem-me que ia perder a única coisa que ainda fazia de mim uma mulher foi muito difícil.”

“A cirurgia foi horrível e a experiência foi pior do que a de ter cancro da mama. Tive dores enormes e uma semana após a cirurgia acabei novamente no hospital, porque apanhei uma infeção e tive de tomar antibióticos para evitar que progredisse para septicemia.”

Becky aconselha qualquer mulher a procurar aconselhamento médico o mais rapidamente possível caso tenha problemas com a menstruação.

“Sem dúvida, deve ir ao médico imediatamente. Se não descobrirem nada, aconselho a insistir e talvez procurar uma segunda opinião. Não é possível que o meu primeiro exame não tenha revelado nada e, uns meses depois, o meu útero estivesse cheio de miomas. ”

Becky recomenda ainda que as mulheres que sofrem de miomas se informem sobre todas as opções de tratamento disponíveis, já que poderá ser possível evitar uma grande cirurgia.

“Lembro-me de que, quando fiz a cirurgia, estava uma rapariga de 25 anos na cama em frente à minha a ser informada de que teria de fazer uma histerectomia por causa dos miomas. Fiquei muito triste por ela, pois ela queria ter filhos.”

“Agora existem tratamentos que podem ajudar a controlar os sintomas dos miomas, pelo que podem não ter de passar por aquilo que eu passei. Certifiquem-se de que conhecem todas as opções e que as discutem com o médico.”