Lidar com um diagnóstico pessoalmente pode já ser difícil, mas, no caso de uma doença crónica, como os miomas uterinos, o controlo dos sintomas é apenas uma parte da história. Muitas vezes, temos de partilhar pelo menos parte do diagnóstico com outras pessoas, o que é todo um novo desafio. Decidir quando, como e com quem partilhar esta informação exige reflexão e algumas decisões.
Processar o diagnóstico
Apesar de este ser o primeiro passo essencial a dar antes de partilhar o seu diagnóstico com outras pessoas, pode não ser fácil. Se precisar de mais tempo para processar a situação a nível pessoal, não hesite em usar esse tempo. Falar do assunto com outras pessoas é algo que tem de ser feito de cabeça fria e de forma controlada, o que nem sempre é fácil. É essencial consultar grupos de apoio na Internet ou semelhantes que a ajudem a aceitar as alterações no seu corpo, a estar informada e a definir um plano para se manter otimista.
Quem deve ser informado
Pode ser necessário informar o seu parceiro e familiares próximos, mas outros membros da família, amigos, o chefe e os colegas de trabalho poderão ser informados, se você assim o decidir. Esta é a sua história, pelo que é livre de escolher a quem a quer contar.
O impacto dos sintomas na parte do seu dia a dia em que cada uma dessas pessoas está envolvida, bem como a reação prevista e as consequências da mesma, ditarão uma grande parte dessa decisão. É frequente ausentar-se do trabalho devido à hemorragia menstrual abundante? Em caso afirmativo, pode ser boa ideia partilhar o diagnóstico com o chefe. Trabalhar a partir de casa quando os sintomas se agravam pode ser uma opção exequível que exige alguma adaptação, tanto em casa como no escritório.
Pense no seu público
Como é que esta pessoa em particular poderá reagir? Quando se espera uma reação calma, não é necessária tanta preparação, mas se, por outro lado, for de prever uma reação mais intensa, deve ensaiar a conversa.
Escolha um local
No café? Em sua casa? Por telefone? Por Zoom? Todas as opções estão em cima da mesa. Pode precisar de informar por telefone um familiar que mora a centenas de quilómetros de distância, mas os amigos mais próximos podem (ou não) encontrar-se pessoalmente. Partilhar a notícia em ambiente de grupo pode ser vantajoso quando se trata de irmãos ou colegas de trabalho.
Redes sociais
Para muitos de nós, as redes sociais são uma mais-valia, pois permitem-nos manter o contacto com velhos amigos e parentes distantes. Apesar de as redes sociais constituírem uma possível fonte de apoio, servindo como ombro amigo, têm a clara desvantagem de que nunca se pode ter a certeza de onde o material publicado pode ir parar. Assim que se carrega em “enviar”, perde-se o controlo completo. Embora se possam definir configurações de privacidade, as publicações podem ser compartilhadas, copiadas e visualizadas por pessoas que já não se enquadram no perfil do público selecionado pelo autor.
Esclareça todos os factos
É natural que, com a preocupação, as pessoas coloquem questões. Sabe as respostas? Quer saber as respostas ou partilhá-las? O que significa ter miomas uterinos? Onde é que se localizam? Como é que podem afetar o seu dia a dia? Quando poderão desaparecer? Que opções de tratamento existem? “Por agora, quero lidar com esta situação um dia de cada vez” é uma resposta tão aceitável como apresentar todo e qualquer dado científico já publicado sobre o tema. A decisão é sua.
Faça uma dramatização
Acha que a sua avó vai entrar em pânico? Faça uma dramatização com um amigo ou parceiro antes da conversa a sério. Uma simulação com uma voz calma e respostas estudadas faz milagres para tranquilizar familiares preocupados, aos quais não há alternativa senão contar o diagnóstico, mas com os quais não deseje partilhar reações. Em casos mais extremos, arranje uma desculpa, na forma de uma chamada telefónica que tenha de fazer ou uma tarefa urgente que precise da sua atenção.
Vá em frente!
A sensação de segurança proporcionada pelo amor, compreensão e apoio dos amigos e familiares torna qualquer desafio a nível de saúde muito mais fácil. A implementação de estratégias para lidar com a situação no seu local de trabalho diminui o stress, o qual pode agravar a dor crónica. Assim, embora não seja necessário partilhar o diagnóstico com o público em geral, a franqueza para com os nossos entes queridos pode melhorar muito a nossa qualidade de vida. Todos precisamos de um ombro amigo, certo?